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Brasil pode liderar agenda climática

O Brasil pode liderar a agenda climática. Deste ponto de vista precisa buscar uma coerência narrativa maior no âmbito interno e construir uma coalizão no mercado externo para levar essas discussões em fóruns internacionais.

“Os parâmetros da agricultura temperada não valem para a agricultura tropical, pois são diferentes, então, precisamos expor esse fato em igualdades de condições com países que lideram essas questões”, avaliou embaixador Roberto Azevêdo, e consultor da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), durante o 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), realizado nesta segunda-feira, dia 5 de agosto, pela ABAG e pela B3, a bolsa do Brasil.

Foto: Divulgação ABAG

Mesmo diante desse cenário, na visão de Azevêdo, há muitas oportunidades para o agronegócio e muitas possibilidades de alianças com países da América Latina, do continente africano, do continente asiático, mas também com os Estados Unidos, por serem produtores globais de alimentos e por terem as mesmas preocupações, mesmo sendo um forte competidor no setor, pois o objetivo é ter um campo para se competir com igualdade, evitando arbitrariedades. “Essa seria uma coalizão de peso para se ter uma conversa sobre como seria uma nova ordem internacional, onde o agro seria colocado como uma solução para a questão climática”, afirmou.

Durante o painel Geopolítica e Sustentabilidade, Ingo Plögler (vice-presidente da ABAG), mencionou como oportunidades para o setor: segurança alimentar, segurança energética, ativos biológicos e o desenvolvimento social. Para ele, o agro brasileiro precisa trabalhar conjugadamente visões onde essas “avenidas” de oportunidades poderão ser exploradas, encontrando, possivelmente, caminhões que não são tão visíveis. “É um trabalho das lideranças privadas, pois onde essa força se direcionar, os governos a seguirão”, pondero

De acordo com Ricardo Santin (presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA), não é possível se ter fronteiras quando se trata de alimentos. “Quando se está se formando uma nova ordem mundial, o governo brasileiro precisa buscar um acordo para expor nossa situação, pois somos competitivos”, enfatizou.

Segundo Santin, o Brasil tem 37% do market share global no frango, e 14% em suínos. Ele lembrou que não é possível exportar terra ou água, somente os produtos. “Esse é o ponto importante para o Brasil. No médio e longo prazos, vamos ser ainda mais importantes no fornecimento de proteínas, que é o que o mundo está pedindo”, pontuou.

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Área de cebola apresenta redução em Pelotas

Em Pelotas (RS), a área destinada ao cultivo da cebola apresentou redução de cerca de 390 hectares em relação à expectativa inicial (2.230 hectares), sendo assim a área encolheu 18%, segundo levantamento da Emater/Ascar-RS.

Embora haja expectativa de redução de área a ser cultivada, o mesmo não pode ser considerado em termos de produção, pois ainda é fase de transplante das mudas para os canteiros definitivos. Cerca de 50% da área foi transplantada. Os agricultores estão empenhados em cultivar o máximo de área possível. As estratégias utilizadas a depender da condição de cada propriedade abrangem plantio direto na área de produção; novas semeaduras de variedades tardias nos viveiros; e importação de mudas de Santa Catarina.

Os produtores e as entidades ligadas ao setor estão organizando uma plenária para discutir o ZARC da cebola e seus impactos nos municípios produtores da região em razão das dificuldades que possam surgir em relação ao uso do crédito oficial para o custeio da cultura e à possível redução da área a ser cultivada. O objetivo da reunião é avaliar esses impactos e solicitar ao órgão competente eventuais ajustes no ZARC de forma a contemplar as especificidades ambientais locais eventualmente não consideradas no estudo inicial. A plenária ocorrerá no dia 15/08, em Rio Grande. Tradicionalmente cultivada na região de Herval, os cultivos destinados à produção de semente, que totalizam 120 hectares, estão na fase de preparo do solo e plantio dos bulbos, que foi favorecido pelo clima.

Em Caxias do Sul, os agricultores realizaram o controle das ervas daninhas, tratamentos fitossanitários e adubações nitrogenada em cobertura. No momento, não há pragas e doenças de impacto significativo na cultura. Muitos produtores que começaram a poda das videiras estão conciliando as atividades.

Frente fria chega ao Rio Grande do Sul e traz de volta a chuva

No sábado (03/08), o deslocamento de uma nova frente fria favorece o retorno da chuva para o centro-sul gaúcho. Na campanha gaúcha e na fronteira oeste chove de fraca a moderada intensidade a partir da tarde. Na região das Missões e no litoral, nos vales e centro do estado e na Região Metropolitana de Porto Alegre, a chuva deve chegar a partir da noite. Já nas regiões mais ao norte do Rio Grande do Sul, o sol aparece entre nuvens.

No domingo (04/08), a chuva se espalha sobre o Rio Grande do Sul. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, Missões e região central, há condições para temporais em alguns momentos. A temperatura cai em todo estado. 

Na segunda-feira (05/08), o tempo permanece instável em todo estado do Rio Grande do Sul. Há condições para chuva ao longo dia intercalando períodos pequenos com aberturas de sol.  

Chuva favorece desenvolvimento das culturas de terceira safra no Nordeste

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Chuva favorece desenvolvimento das culturas de terceira safra no Nordeste

As chuvas registradas em parte da região Nordeste favoreceram o desenvolvimento dos cultivos de terceira safra. É o que mostra o Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA) referente às condições observadas de 1 a 21 de julho, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com o documento, na Região Nordeste, as chuvas foram intensas na faixa leste, principalmente, nas duas primeiras semanas de julho, favorecendo os cultivos de terceira safra em desenvolvimento.

Nas áreas de Sergipe, Alagoas e Bahia, as condições de umidade do solo, no geral, também foram favoráveis ao desenvolvimento desses cultivos, com exceção de parte das lavouras no interior no Nordeste da Bahia. No Matopiba, o clima seco beneficiou a maturação e a colheita dos cultivos de algodão, milho primeira e segunda safras.

Tendência do clima para os próximos dias no Nordeste

Nesta segunda metade da semana a frente fria avança pela costa do país e nos próximos dias vai concentrar as instabilidades e provocar chuvas fortes no sul da Bahia. As chuvas ficam muito restritas nas áreas litorâneas do Nordeste o que inclui áreas de Alagoas e Sergipe e o centro leste da Bahia. Pelos menos até dia 05/08, o predomínio é de tempo seco no interior do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, oeste da Bahia, Maranhão e Piauí.

Brasil tem nova rota de exportação

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Exportações a árabes avançam 26% no semestre

As exportações brasileiras para os mercados da Liga Árabe cresceram 25,8% no primeiro semestre do ano, totalizando US$ 11,217 bilhões, segundo a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

O resultado chama a atenção pelo fato de as vendas para o bloco terem avançando bem acima das exportações totais do Brasil, incluindo a liga, que cresceram no período somente 1,4%, para US$ 167,608 bilhões, e andaram de lado devido a desvalorização do açúcar, da soja e do milho, que registraram recordes de produção e menor demanda na China. 

Foto: Getty Images

Na avaliação da entidade, o avanço nas vendas para a Liga Árabe é um indicativo da resiliência econômica da região, principalmente dos países do Golfo, que vêm se esforçando para manter suas economias aquecidas, inclusive remanejando recursos internos e buscando dinheiro estrangeiro, para manter o ritmo dos investimentos estatais para a transição econômica, rumo à era pós-petróleo.

“O crescimento das exportações aos árabes mostra que as principais economias da Liga Árabe seguem aquecidas, demandando alimentos para consumo próprio e para atividades de reexportação, que são componente importante das economias do Golfo atualmente, além de minério de ferro, usado em projetos de infraestrutura”, afirma Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

O executivo, no entanto, chama atenção para a baixa prevalência de produtos brasileiros nos segmentos de valor agregado. Ele menciona o caso do açúcar exportado aos Emirados Árabes. Segundo Mansour, boa parte do produto é atualmente matéria-prima para uma das maiores usinas do mundo, operada em Dubai, onde é refinado, embalado e exportado para outros países da Liga Árabe, da África e até para ex-repúblicas soviéticas.

Outro caso citado por Mansour são as vendas de gado em pé para a região, que, na prática, é o fornecimento de matéria-prima para frigoríficos participarem de mercados demandantes de produtos de valor agregado. “Alguns países têm enfrentado essa situação estabelecendo subsídios para a produção de valor agregado, assim como já é feito no financiamento do agronegócio, vendo nesse esforço um investimento na própria competitividade”, ressalta. 

Ainda de acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, as recentes incursões da diplomacia brasileira nos países do Golfo criaram um ambiente propício a investimentos bilaterais, que podem, em última instância, incrementar o fluxo de produtos de valor agregado entre as duas regiões, modificando paulatinamente o atual perfil de comércio.

Veja também: Rio Grande do Sul terá radar operado pela Climatempo para monitorar o clima

EMSEA: Agronegócio irá contar com previsão geolocalizada para enfrentar eventos climáticos

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Brasil tem nova rota de exportação

O Brasil tem uma nova rota de exportação – Bahia – Ásia. Semanalmente, do Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Salvador um navio poderá transportar cargas de soja, algodão, café e outros grãos, da Bahia diretamente para compradores asiáticos. Com 366 metros de comprimento, profundidade de 16 metros e capacidade para transportar 15 mil TEUs, contêineres de 20 pés, este gigante dos mares, considerado o maior da América Latina, é o primeiro deste porte a transitar pela Bahia de Todos os Santos.

Para o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, este é um momento importante para o setor produtivo da Bahia que, há algum tempo, vem se mobilizando, por meio de encontros e reuniões com armadores, traders e Tecon, em apoio à essa nova logística de exportação, reduzindo tempo e custo no frete até o porto de Santos.

“É fundamental essa rota, até para termos uma alternativa, com mais um caminho para tornar o algodão ainda mais competitivo, sendo transportado de forma segura e eficiente até os compradores internacionais, reduzindo o custo para a cotonicultura da Bahia e do Brasil”, afirma.

“Os produtores de algodão têm trabalhado, na porteira para dentro, para produzir uma fibra de qualidade, sustentável e que tem conquistado, cada vez mais, a confiança dos exigentes mercados internacionais, como China, Turquia e Vietnã. Esperamos que esta opção se mantenha viável e rentável ao produtor baiano”, diz Júlio Cézar Busato, conselheiro da Abapa.

De acordo com a vice-presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, diante da viabilidade logística do transporte por Salvador foi constatado que são 25% a menos de custo logístico e cerca de 700 quilômetros a menos de frete rodoviário se comparado com Santos (SP).

“Esta é uma conquista para toda a Bahia, que passará a ter toda a cadeia produtiva, do plantio à exportação dos grãos, em território baiano”, afirma.

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Nova estimativa aponta incremento de área de soja

O novo levantamento de intenção de plantio aponta que para a safra 24/25, o incremento na área de soja do Brasil pelo 18º ano consecutivo, será de 46,890 milhões de hectares, o que representaria um aumento de 1,5%.

“Importante destacar que esses são números preliminares e que qualquer reação mais brusca das cotações nos próximos 60 dias pode trazer alteração nessa proporção de aumento”, adianta Flávio Roberto de França Junior, economista da DATAGRO Grãos.

A consultoria sinaliza uma produtividade de 3.554 kg/ha nesse primeiro momento, com produção potencial de 166,644 milhões de toneladas. Em caso de confirmação, esse volume seria 12% superior à revisada safra colhida neste ano, de 149,262 mi de t.

Conforme levantamento feito junto aos sojicultores, o aumento de área deve acontecer de forma homogênea em todo o país, assim como neste ano. “Em intensidade maior nos estados da região Norte e Nordeste”, ressalta França Junior.

Foto: Getty Images

Recuo na área de milho

Análise preliminar realizada pela DATAGRO Grãos estima recuo nas áreas de milho tanto da safra de verão quanto de inverno. A área total da 1ª safra deverá atingir 3,894 mi de ha, ante 4,053 mi de ha na temporada 2023/24 – 2,544 mi de ha no Centro-Sul e 1,350 mi de ha no Norte/Nordeste.

Considerando a hipótese de incidência do fenômeno La Niña e utilização de tecnologia próxima da normalidade, a 1ª safra de milho tem potencial de produção de 23,351 mi de t, 1% inferior à prejudicada safra colhida em 2024, de 23,693 mi de t – 17,276 mi de t do Centro-Sul e 6,075 mi de t no Norte/Nordeste.

Já para a safra de inverno 2025, embora com números muito preliminares, a tendência inicial também indica retração na área. No total Brasil, a projeção é de 16,855 mi de ha, 2% aquém dos 17,207 mi de ha deste ano – 14,005 mil ha do Centro-Sul e 2,850 mil ha do Norte/Nordeste.

Considerando clima regular, a previsão de produção da 2ª safra é de 93,608 mi de t, estável ante as 93,315 mi de t da complicada safra atual.

No total das duas safras, o Brasil tem previsão de área para 2024/25 de 20,749 mi de ha, 2% aquém dos 21,260 mi de ha da temporada 2023/24, e produção potencial de 116,959 mi de t, estável em relação à safra atual, de 117,008 mi de t.

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EMSEA: Agronegócio irá contar com previsão geolocalizada para enfrentar eventos climáticos

Os impactos das mudanças climáticas afetam todas as cadeias produtivas do agro. O meteorologista e Head da vertical de Agronegócio da Climatempo, Caio Souza, defendeu durante o o Encontro Nacional aplicado às mudanças climáticas (EMSEA) a “segunda revolução climática do setor”.

Trata-se de previsões geolocalizadas e da aplicação das informações climáticas na operação das propriedades rurais, considerando a cultura e a realidade local para o desenvolvimento de ações de mitigação e de adaptação dos impactos.

“A ideia é juntar os dados históricos com a previsão geolocalizada para o planejamento corporativo das empresas e para alcançar a mencionada segunda revolução climática no campo”, afirmou Souza.

Estudos climáticos

Entre os representantes de empresas do setor de carnes que participaram do evento, incluindo JBS, Marfrig e Minerva, os estudos climáticos ajudam a determinar a capacidade de retenção de água no solo, a monitorar as pastagens e a favorecer o avanço genético dos animais, garantindo mais resiliência nas operações frente aos eventos climáticos.

Em termos de descarbonização, as empresas atuam baseadas em metas climáticas aprovadas cientificamente para mitigar as emissões de escopos 1, 2 e 3, sendo o escopo 3 o mais desafiador, por considerar as emissões em propriedades parceiras que não são diretamente controladas por elas.

Práticas Sustentáveis no Agronegócio

Segundo José Luis Tejon, escritor e sócio-diretor da Biomarketing, a adoção de práticas sustentáveis no agronegócio e de medidas de mitigação dos impactos do clima têm potencial de elevar significativamente a participação do agro no PIB nacional, pois as ações trazem rentabilidade para as operações, bem como valorização imobiliária das propriedades.

“São práticas que precisam ser pensadas em conjunto e que agregam resultados para o produtor rural”, observou ele durante painel no II EMSEA.

Embrapa leva soluções reais ao produtor

Na opinião do Chefe-Geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, é essencial desenvolver soluções que resolvam problemas reais enfrentados pelos produtores rurais. Neste sentido, a empresa pública elencou as problemáticas e ajudou a encontrar as soluções tecnológicas para mitigar as emissões dos GEE e os efeitos das mudanças climáticas no campo. Entre elas, a agrometeorologia de precisão como uma maneira eficaz de identificar os eventos extremos e ajudar os produtores a melhorarem a genética das plantas, por exemplo, para se tornarem mais resilientes e adaptadas ao local de cultivo.

Em termos de redução das emissões, Spadotti citou durante um dos painéis do evento a adoção dos biocombustíveis e dos bioinsumos dentro das propriedades rurais como medidas importantes de descarbonização.

O gás natural e o biometano também possuem papeis importantes no contexto de transição energética, pois são fontes energéticas menos intensivas que substituem os combustíveis fósseis. “Comparado ao diesel, o uso do metano é capaz de gerar uma descarbonização significativa especialmente no transporte pesado”, disse no evento Christiane Delart, diretora de distribuição de gás na Naturgy Brasil.

Concessionárias como a Naturgy Brasil e a Comgás estão empenhadas em desenvolver corredores sustentáveis no País, a fim de estimular a circulação de frotas de caminhões movidos a gás natural e biometano pelas rodovias brasileiras. Por enquanto, um corredor verde na Rodovia Presidente Dutra, ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, está em operação, mas outros 10 estão previstos para funcionarem em outras rodovias no curto prazo.

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EMSEA: Infraestrutura será necessária para levar energia renovável para os centros urbanos

A meta de impedir que os termômetros ultrapassassem 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, estabelecida no acordo de Paris, em 2015, já foi descumprida e, no último dia 22 de julho, a temperatura média global diária alcançou o recorde de 17,15°C, evidenciando que o aquecimento global avança e os eventos extremos estão cada vez mais recorrentes e intensos. É um cenário que exige adaptações urgentes e a mitigação das emissões de carbono, segundo alertaram especialistas durante o II EMSEA, Encontro Nacional de Mudanças Climáticas Para o Setor de Energia e Agronegócio, realizado pela Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, na última quinta-feira (25/07).

Foto: Divulgação Climatempo

No evento, realizado no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (SP), a meteorologista Marcely Sondermann, da Climatempo, e o sócio da consultoria 9Stone, Carlos Rebello, ressaltaram que é fundamental hoje que os programas de compliance das organizações contemplem ações para mapear os riscos climáticos e adotar medidas que promovam a transição energética e a descarbonização.

Os impactos das mudanças climáticas são visíveis no setor de energia e no agronegócio. No segmento de transmissão de energia, as linhas estão sendo impactadas principalmente por ventos cada vez mais velozes, descargas elétricas, erosões e incêndios mais recorrentes, que causam desligamentos e prejuízos para as empresas e sociedade. Como medidas de adaptação, as concessionárias estão incluindo os estudos climáticos futuros em seus projetos, como forma de proteger os ativos e manter a operação.

“Não basta hoje olhar apenas o histórico dos eventos, porque o cenário mudou com o aquecimento global, então são necessárias análises de modelos meteorológicos futuros para que sejam feitas adaptações e medidas de mitigação dos impactos nas linhas”, afirmou o superintendente de transmissão da Alupar, Sergio Antezana, painelista do II EMSEA. “Desta forma, conseguimos, por exemplo, realizar a poda da vegetação de forma mais inteligente em áreas com risco de incêndio ou identificar onde pode haver chuvas fortes e enviar equipes que atuem rapidamente no caso de desligamento”. 

Para contribuir com as questões de transição energética e de descarbonização, o segmento de transmissão necessita atualmente de mais infraestrutura para levar a energia renovável primordialmente gerada no Norte e Nordeste do Brasil para os grandes centros de consumo do Sul, Sudeste e Centro Oeste. “A geração elétrica brasileira hoje é 90% renovável, mas são necessárias mais linhas de transmissão para ajudar a promover a transição energética nacional, limpando o consumo nos grandes centros”, observou o diretor de ESG da EDP, Dominic Schmal.

No ano passado, mais de 10 mil quilômetros de linhas foram leiloados para fazer essa conexão, e o desafio será implementar os novos projetos com tecnologia de baixo carbono e uma infraestrutura adaptada às mudanças climáticas. “Temos realizado estudos para adotar medidas adaptativas nos projetos, porém os eventos climáticos mais extremos são realidade e o desafio é trazer essa discussão dos impactos também para a regulação do setor”, apontou Ana Carolina David, gerente de Comunicação, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ISA CTEEP.

Sobre essa questão, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) realizou tomada de subsídios no primeiro semestre do ano para avaliar a necessidade de intervenção regulatória associada ao aumento da resiliência a eventos climáticos nos sistemas de transmissão e distribuição. Segundo a coordenadora da Secretaria de Inovação e Transição Energética da ANEEL, Djane Fontan Melo, painelista do encontro, a agência está atenta ao fluxo da energia limpa para as áreas de maior consumo e aos desafios de resiliência das linhas frente aos eventos climáticos extremos, como maneiras de colaborar com a transição energética e garantir a segurança energética brasileira.

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Broca traz danos à lavoura e ao processamento da cana

Estudo realizado pela professora Márcia Mutton, da Unesp (Universidade Estadual Paulista, campus de Jaboticabal), em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), trouxe novos dados sobre o impacto da broca da cana-de-açúcar na produção de cana, de etanol e de açúcar.

À cada 1% de infestação de broca ocorre uma redução da ordem de 0,96 a 2,06% no rendimento de etanol por hectare e de 0,43 a 1,97% na produção de açúcar por hectare, em função da variedade avaliada, revela o estudo.

Presente em todas as regiões canavieiras do Brasil, a broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) causa perdas estimadas em R$ 8 bilhões/ano, considerando danos nas lavouras e no processo industrial.

Esses resultados confirmam os elevados prejuízos que essa praga causa no processamento industrial e que poderiam ser evitados se o setor conseguisse colher um canavial com menor nível de danos”, diz a professora da Unesp.

Segundo informações da Kynetec (2024), empresa de pesquisa do mercado agrícola, o esforço do setor no controle desta praga mais que dobrou ao longo dos últimos anos, devido ao aumento da área tratada e pelo maior número de aplicações, que subiu de 1,2 aplicações para 1,9 aplicações em média.

A Intensidade de Infestação Final da Broca – índice que mede a infestação residual da praga nos canaviais após o seu controle químico e/ou biológico – permanece quase inalterada, de acordo com as informações do Benchmarking CTC.

Isto demonstra a baixa eficiência dos métodos tradicionais de controle, que dependem, entre outros fatores, das condições climáticas ideais e do momento correto da aplicação, para terem um funcionamento satisfatório.

Desde 2017, o CTC oferece variedades de cana geneticamente modificadas (BT), que são a solução mais eficaz para a mitigação desse problema.

“O controle da praga com o uso dessas variedades é superior a 95%, o que representa um grande diferencial em relação aos métodos de controle convencionais, entregando uma cana livre de broca”, diz Luiz Antonio Dias Paes, diretor comercial do CTC.

Dessa forma, a usina apresenta maior rendimento de etanol na indústria e maior produtividade de açúcar no processo industrial, uma vez que reduz a concentração de cinzas, amidos e compostos fenólicos totais, aumentando a qualidade do açúcar produzido (baixas colorações Cor ICUMSA).

A cana BT está presente em mais de 180 usuários entre usinas e fornecedores que juntos são responsáveis por cerca de 60% da moagem nacional.

“O avanço na utilização e ampliação das áreas de cultivo com a biotecnologia são ferramentas fundamentais para elevarmos a produtividade e competitividade do setor sucroenergético, sempre focando na sustentabilidade e rentabilidade do setor”, diz Paes, do CTC.

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Clima influencia proliferação de fungo e uva paulista amarga perdas acima 30% durante a colheita

O Circuito das Frutas Paulista é uma área que engloba dez municípios de São Paulo com destaque na fruticultura. Mas, a região passa por um período preocupante com os pomares de uva.

Os vitinicultores estão perdendo suas produções pelo avanço da podridão da uva madura, doença causada pelo fungo Glomerella cingulata. O fungo encontrou condições ambientais favoráveis para se multiplicar nos vinhedos da região e, há pelo menos quatro anos, prejudica os vitivinicultores locais. Nesta última safra, no entanto, os danos provocados pelo patógeno chegaram a um nível sem precedentes, com perdas variando de 30% a até 100% da colheita.

“Essa não é uma doença desconhecida, mas, da forma como ela se deu neste ano, assustou muita gente. Alguns produtores até arrancaram o vinhedo inteiro, achando que não conseguiriam mais controlar de forma viável”, afirma Renê Tomasetto, presidente da Associação Agrícola de Jundiaí. Ele acredita que o fator climático favoreceu a multiplicação do fungo na região e ressalta que 2023 foi um ano atípico, marcado por chuvas acima da média, com precipitações na época de poda e da colheita, intercalada por períodos secos. Com umidade e temperaturas ideais, o fungo avançou de forma agressiva, vencendo a batalha para frear a sua propagação.

Impacto na agricultura regional

O município de onde chegam os relatos mais impactantes é Elias Fausto, localizado a cerca de 130 km da capital paulista. A doença comprometeu a produção inteira, enchendo as famílias de desesperança fazendo-as largar o trabalho no campo em busca de outros meios de sobrevivência.

Atalívio Rufino possui um sítio na cidade há 16 anos. Ele conta que 90% da uva foi comprometida pela Glomerella na produção no início do ano. O pouco que restou foi vendido, mas não foi capaz de equilibrar as finanças da família e que, por isso, teve de abrir mão de um empregado que os ajudava. Apesar do cenário desolador, ele decidiu não desistir e vai travar novos combates contra a podridão da uva madura. Ele pretende usar as reservas para investir em outras medidas de controle. “Conseguimos uma gordurinha com as vendas anteriores e por conta disso estamos conseguindo nos virar”, conta. A propriedade de Atalívio é uma das 13 selecionadas para os ensaios propostos.

No município de Itatiba, encontra-se a propriedade de Antônio Mingotte, um dos viticultores mais afetados na cidade. Ele relata que costumava colher 40 toneladas de uvas por hectare, mas, desde 2022, a Glomerella vem devastando suas quadras de uvas, provocando perdas gradativas que agora chegam a 90%. Convivendo com as parreiras desde a sua infância, ele diz ter se assustado com a escala de disseminação da Glomerella neste ano.

“Um alastramento da doença igual a deste ano, eu nunca vi na minha vida! É preciso controlar essa doença logo, senão não conseguiremos ter produção”, declara. Atualmente com mais de 12 mil pés de uva, ele conta que chegou a colher os frutos de uma quadra (talhão) e foi percebendo que todas estavam apodrecendo. “Não tinha condição de mandar para o mercado. Arranquei e joguei tudo dentro do mato”, disse.

Isso repercute diretamente no seu bolso. O dinheiro da venda da uva pagava os custos da produção e gerava renda para investimento na propriedade. “Este ano vou ficar sem investir no sítio. Até pensei em semear tomate para ver se consigo pagar as contas enquanto isso, mas não tenho como comprar adubo; um amigo ficou de me dar. Se continuar do jeito que está, eu vou ter que parar. Muita gente está parando. Jundiaí é conhecida como Terra da Uva. Vai acabar a uva?”, desabafa.

Anderson Tomazetto lidera uma propriedade onde o solo é ocupado pelo cultivo da uva há mais de 100 anos. Ele conta ter visto os primeiros sintomas da podridão da uva madura nas suas terras há quatro anos, mas, na época, não sentiu grandes prejuízos. Buscando orientações técnicas da Embrapa, ele mudou o manejo e conseguiu bons resultados.

Foto: Alan Rodrigues – efeito da doença no sítio do produtor Ademir Minjoni

“Passei a levar o galho, os cachos infectados, e até uva doente colocava num baldinho em separado e levava para fora da quadra. Também apliquei calda sulfocáustica quando acabou a safra. É uma sequência de tratamentos associados a práticas de manejo. Se não fizer os dois juntos, não dará resultados”, ensina. Tomazetto considera o combate ao fungo como o maior desafio do viticultor. “O fungo é algo que não vemos, e na hora que percebemos, a planta já está contaminada”, diz.

Conheça a doença

Causada pelo fungo Glomerella cingulata, a podridão da uva madura provoca manchas circulares marrom-avermelhadas sobre o fruto, que posteriormente, atingem todo o cacho, deixando a uva escura e murcha. Temperaturas entre 25 °C e 30 °C e alta umidade proveniente de chuva, orvalho, irrigação ou cerração são condições ideais para a esporulação, disseminação, infecção e o desenvolvimento da doença.

Plano de controle

Na Câmara Setorial de Uva e Vinho do Estado de São Paulo, a Associação Agrícola de Jundiaí apresentou à Embrapa uma demanda por medidas para reduzir a pressão da doença e, se possível, erradicar. Foi traçado um Plano Emergencial de Controle à Podridão da Uva Madura em auxílio aos vitivinicultores paulistas.

A primeira fase do Plano consiste na seleção de produtores receptivos à instalação de ensaios de controle da podridão da uva madura. Esse material será levado para o Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Uva e Vinho, onde se desenvolverá a etapa seguinte, visando ao isolamento do patógeno, a sua identificação por meio da morfologia e testes para detectar a presença de isolados resistentes a determinados grupos de fungicidas.

Serão duas linhas de enfrentamento: nesse primeiro momento, serão visitados alguns vinhedos para mitigar as causas que contribuíram para a epidemia da doença na região e corrigir algumas práticas adotadas pelos produtores. Depois, a médio prazo, vem a adoção dos melhores produtos e práticas, que serão estudadas ao longo dessas duas safras, de tal forma que se torne um protocolo rotineiro”, explica o pesquisador Lucas Garrido, da Embrapa.

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